Barroco Brasileiro
O Barroco chega ao Brasil principalmente por meio dos nossos colonizadores, os portugueses, e por religiosos tanto de Portugal, como de outros países. Mas sua popularização aqui é tardia, do século XVIII ao século XIX, 100 anos depois do seu desenvolvimento na Europa. As primeiras ordens religiosas que chegaram aqui, como os franciscanos, beneditinos e jesuítas, por volta da metade do século XVI, eram mais sóbrios e simples, e desenvolveram a arquitetura das igrejas também dessa forma. Foi somente quando as associações religiosas legais, como confrarias e irmandades, conseguem a patrocinar as produções artísticas, por volta do século XVIII, que a arte ao estilo barroco começou a se desenvolver como o modelo europeu. Aqui, o Barroco mistura-se a outros estilos além do português, como o francês, espanhol, italiano, e vai se modificando também pelo contato com o povo já miscigenado entre europeus, índios e negros.
Desde a época da chegada dos portugueses, o Brasil começou a receber também imigrantes de todos os tipos: de todas as camadas sociais, criminosos, pessoas cultas e analfabetos.
Essa mistura de imigrantes portugueses com africanos e indígenas, começava a preocupar a igreja e o Estado, pois traziam também a mistura de idéias e crenças religiosas diferentes, consideradas proibidas pelo catolicismo.
A fim de frear o desenvolvimento desse processo, foram trazidos os primeiros jesuítas, com o objetivo de catequizar e evangelizar os índios no Brasil. Os jesuítas são os membros da Companhia de Jesus, ordem da igreja católica que trabalhou arduamente pela catequização dos índios na América até sua expulsão de Portugal e da Espanha, e de suas respectivas colônias, a partir de 1759.
Entre eles, estava o espanhol José de Anchieta (1534 – 1597), considerado o primeiro dramaturgo do Brasil. Apesar de Anchieta ser anterior a essa expansão do Barroco no Brasil, sua obra já era considerada como pertencente às primeiras manifestações artísticas barrocas por aqui.
Anchieta escreveu 12 obras conhecidas. Essas peças eram representadas por colonos, principalmente indígenas, dentre adultos e crianças.
Os textos eram escritos em versos, e os conteúdos religiosos eram apresentados em forma de alegorias. Um exemplo disso era a figura do demônio, sempre personificada por personagens que representavam algo a ser combatido pela ótica católica, como ladrões ou entidades indígenas e africanas. Assim, a igreja buscava mostrar que a prática dessas outras regiões ou de hábitos considerados pecaminosos, como roubar, estaria relacionada ao inferno e, consequentemente, seria punida por Deus. Esse tipo de peça é chamada “auto”, um gênero teatral com temas religiosos representados por alegorias, objetivos moralizantes, textos geralmente em linguagem popular, acompanhados quase sempre de música. Os autores surgiram na Idade Média e são feitos até os dias atuais.
As histórias continham dramas de consciências por meio de apresentação de situações que deveriam servir como exemplo. Porém, muitos estudiosos afirmam que o teatro catequizador de Anchieta pouco atingia seus objetivos com a população indígena. A dança, a música e as cores (em especial o vermelho) eram bastante usados nos espetáculos, principalmente nas cenas em que aprecia o diabo. Esse fato mais atraía os índios do que amedrontava, visto que eles ao tinham essa relação de temor a uma entidade, como os católicos Já com os outros colonos, imigrantes e descendentes, as representações tinham outro efeito, pois a punição divina era algo bastante amedrontador. As peças eram apresentadas dentro e fora das igrejas, nas ruas, nas praças, onde se julgasse necessário.
A maioria dos registros musicais que existem dessa época no Brasil e no resto da América do Sul é da música produzida nas missões jesuítas, entre os séculos XVII e XVIII. Depois de várias tentativas, os jesuítas conseguiam implantar povoamentos, alguns com milhares de habitantes, para catequizar os índios. Para muitos índios, viver nas missões era uma opção para fugir da captura dos traficantes de escravos. As missões eram praticamente autossuficientes, pois cultivavam o que necessitavam, e eram geridas pelas regras da igreja.
A arte feita pelos índios catequizados nas missões, aos moldes europeus, é muitas vezes chamada Barroco Missioneiro.
No século XX encontra-se uma vasta coleção de partituras que indicam que a música realizada nas missões jesuítas era similar à produzida na Europa.
A maioria das obras do século XVII são anônimas. Já no século XVIII, aparecem alguns compositores, entre os quais se destacou Domenico Zipoli (1688 – 1726), um músico italiano entrou para a Companhia de Jesus para viajar ao Novo Mundo e trabalhar com os indígenas. Na América, Zipoli desenvolveu um vasto trabalho, principalmente nas missões paraguaias e bolivianas, mas sua música foi tocada em todo o continente sul-americano. A qualidade técnica do compositor mostra versatilidade na adaptação da escrita ao tipo de voz, uso de instrumentos e uso de língua dos índios numa estrutura musical barroca européia.
Referência Bibliográfica
BOZZANO, Hugo B. , FRENDA Perla., GUSMÃO, Tatiane Cristina. Arte em Interação. Volume Único. ARTE. Ensino Médio. IBEP. 2013