Aleijadinho

Aleijadinho. Detalhe de um dos Profetas, Oseias. Escultura em Pedra Sabão 1795 - 1805. Santuário Bom Jesus de Matosinho, Congonhas, MG
Escultor, entalhador e arquiteto, Antonio Francisco Lisboa (c. 1738 – 1814), que ficou conhecido como Aleijadinho, foi um dos principais artistas do Barroco brasileiro no século XVIII. Nasceu escravo em Vila Rica, atual Ouro Preto, MG, filho de um arquiteto português com uma escrava africana, tendo sido alforriado pelo pai. Com ele, provavelmente se iniciou em seu ofício, continuando a aprender no trabalho com outros artistas da época. Muitas de suas obras não possuem registros de autoria, visto que, no início, era obrigado, por ser mulato, a aceitar trabalhos como diaristas, e não como mestre de obas. As características específicas de suas obras contribuem ara sua identificação.
As figuras feitas por Aleijadinho possuem uma estética muito particular, com os rostos alongados, os olhos amendoados, cabelos encaracolados e vestes angulosas.
O conjunto escultórico do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, MG, iniciado nos últimos anos do século XVIII, é provavelmente sua maior contribuição para a arte do período, quando o artista já era bastante reconhecido por sua maestria. Na época, ele já havia sido acometido por uma doença degenerativa que deformou e atrofiou seu corpo, e rendeu-lhe o apelido pelo qual é até hoje conhecido. Para trabalhar, tinha as ferramentas atadas em seus braços por seus escravos. Aleijadinho esculpiu em pedra-sabão, em tamanho natural, os 12 profetas do santuário, que conduzem à entrada da igreja, além de 66 esculturas em madeira (cedro) que compõem as cenas da Via Sacra em 6 capelas. A pintura das esculturas ficou a cargo de outros artistas, um deles, Mestre Athaíde (1762 – 1830), um dos principais pintores do período.
O Santuário Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, foi tombado como patrimônio nacional pelo IPHAN, em 1939, e reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade e 1985.

Aleijadinho Detalhe: anjo com o cálice da paixão, de Via Crucis, 1796. Escultura em madeira. Santuário Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, MG
Referência Bibliográfica
BOZZANO, Hugo B. , FRENDA Perla., GUSMÃO, Tatiane Cristina. Arte em Interação. Volume Único. ARTE. Ensino Médio. IBEP. 2013
Mestres e Aprendizes
Durante o período colonial, o Brasil não dispunha de escolas de ensino artístico. O aprendizado geralmente acontecia no trabalho com algum mestre. Predominava uma organização do ensino e trabalho artístico baseada nos moldes das corporações de ofícios européias da época do descobrimento, que eram organizações que regiam as áreas profissionais. Havia uma hierarquia, cujo topo era ocupado pelo mestre, responsável ela elaboração e acabamento das obras e pela formação de novos aprendizes; abaixo dele, estava o oficial, um profissional habilitado, mas com menor autonomia; depois dele, os auxiliares, aprendizes e, por último os escravos. Essa organização ao redor de um mestre é o motivo pelo qual muitos artistas do período eram conhecidos por esse título.